Sentada no chão
Chorava como uma criança
Implorava para não partir
Sentada no chão
Gritando palavras desconexas
De amor, ódio, palavrão
Sentada no chão
Viu a vida se esvair
Vidas em vão
Sentada no chão
Rodeada de parentes
Clamava compaixão
Sentada no chão
Palavras nunca ditas
Nunca havia tido aquela sensação
Sentada no chão
Demonstrando a dor
Que pulava de seu coração
Sentada no chão
Julgava o acontecido
Sem nunca ter entendido
A falta de um abraço
De um beijo na testa
Palavras de carinho
A pessoa que deveria acudir
Foi a primeira a sair
Espancando um corpo
Que nunca entendeu o porquê de estar ali.
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019
Aquele dia
O pior dia da minha vida
O pior de nossas vidas
A dor
O desespero
A verdade à tona
O dia em que todos choraram
Lágrimas de fogo
Tudo ardia
Por dentro o coração em pedaços
A cabeça cansada
Pesada
De tantas pauladas
Ninguém entendia nada
Como aquilo podia estar acontecendo
Vidas dilaceradas
E de quem era a culpa?
Minha!
Carreguei a minha dor
Carreguei a dor de todos
Como podia, por um único ato
Tantas pessoas chorarem juntas
Desgraça
Eu rezava
Implorava para aquele dia acabar
Implorava para os próximos dias
Passarem rapidamente
Eu sabia que a ferida seria eterna
Não sei se conseguimos superar
Tanta dor
Imaginei que tudo iria se esvair
Mas quando aconteceu não pude aguentar
Quanta dor
Tantos anos depois eu ainda penso
O meu corpo treme
Gelo por fora
Fogo por dentro
E a palavra que assombra a mente
DOR
Como uma história de amor
Poderia ter um final tão triste
O amor que eu sentia
Era a dor escondida de quem não sabia
Julgamentos
Falhas
Crises de pânico
Famílias em pranto
Nunca será curado
Não importa o tempo que passe
Dentro dos nossos corações sempre
Faltará um pedaço
Que foi arrancado por tamanha tristeza
Me desculpe por tudo
Eu sempre fui um peso!
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019
Meu filho
Perfeito
você foi esculpido
cada pedacinho nos mínimos detalhes
você tem o melhor abraço
o mais quente
o mais aconchegante
você tem o melhor beijo
é doce
viciante
quanto mais te amo
mais quero amar
quanto mais te beijo
mais quero beijar
quanto mais te abraço
mais te quero em meus braços
cheirinho de bebê
tão puro e inocente
meu filho
tão pequeno e reluzente
você é minha calmaria
nos momentos de tensão
você é minha alegria
nos momentos de emoção
você deu sentido à vida
que pouco tinha a sensação
de amor
de calor
minha companhia
o melhor que poderia ter acontecido
em uma vida tão sofrida
você me traz paz
eu te amo desde antes até o sempre...
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019
Eu vejo a Terra em seus últimos dias de vida, os humanos matando os seres de todas as espécies,
inclusive entre si próprios. O que resulta da extinção em massa das espécies, rumo a extinção da própria raça humana.
Vejo hoje animais ditos como irracionais sendo mais racionais que os animais humanos, demonstrando lições de valoração a vida que os humanos ainda não aprenderam e estão muito longe de atingir a evolução necessária para esse entendimento.
O planeta Terra se esvaindo, a cada dia se dilacerando e as pessoas mais uma vez vivendo um dia após o outro sem se preocupar com o amanhã. De certo, é porque o amanhã provavelmente não irá existir, pois os humanos estão dizimando tudo que aqui há de vida.
Em realidades paralelas alocam o fim do mundo, mas ao meu ver, deixou de ser uma realidade paralela e distante, para uma realidade presente e atormentante em todos os dias aqui vividos.
Há quem critique os cientistas, mas pelo menos a partir disso temos noções básicas de como vamos de mal a pior. Esses são os últimos suspiros.
Últimos suspiros de dor,
últimos de amor.
O último gole de água potável,
o último rio a ser poluído.
A última geleira para derreter,
e o último ar puro já se foi.
Alimentos contaminados,
não é mais possível ser realmente saudável.
Animais reproduzidos em larga escala,
para atender uma população desenfreada.
Desenfreada de doenças crônicas,
de deformidades visuais e mentais.
Agora diga-me quem são os loucos...
Sinto que falamos mas ninguém mais pode nos ouvir.
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019
Lembra
Quando eu te pedi para que nunca me deixasse
ir embora
Quando eu te pedi para nunca desistir de mim, de nós
Eu jurei te amar
Prometi uma caminhada ao seu lado
Segurei sua mão como se fosse um diamante
Sorri olhando nos teus olhos
Chorei implorando paciência
Pois é
Agora eu lhe peço
Deixe-me ir sem olhar para trás
Desista de mim
Eu juro que não te amo mais
E a caminhada que eu planejei você não
pode mais estar ao meu lado
Soltei da tua mão e não quero mais segurar
Hoje eu choro suplicando para você se ausentar
Pois é
Seu erro destruiu uma parte de mim
A parte boa foi embora
Era nela que você morava
Portanto, vá embora você também.
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019
Mas que saudades
De ouvir um eu te amo verdadeiro
Que vontade de um sentimento recíproco
De nos braços de alguém buscar exílio
Fugir do paradoxo comum
Sentir o beijo arder
E o coração por segundos parar
Saudades daquele arrepio na nuca
De corpos se entrelaçarem
Saudades do suor do amor
Ouvir as palavras em tom de assobio
O passarinho mais lindo cantar
Olhar para o céu e suplicar para o momento nunca acabar
Ver a tristeza se esvair
E o coração acalentar a alma milenar.
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019
Alegro-me em ver-te
Cheio de doçura, cheio de amor
Alegro-me ainda mais quando percebo sua felicidade ao me ver
Nossa reciprocidade
Seus olhos mel, por hora azuis
Com minha imagem refletida
Seus movimentos carregados de paixão
Seu cheiro de ternura
Inocência de amor
Eu sempre soube o que dizer
Mas quando é para falar de você
Não consigo resumir em palavras
Você as toma de mim
E eu só sei sorrir
Simplesmente amo-te.
Thábata Piccolo
Curitiba, Inverno 2019