Inocência era uma garota pura,cuja apaixonou-se por seu médico,como o livro decorre em tempos antigos,a mulher ainda deveria casar-se com o noivo que o pai escolhe-se,caso foi outro moço a qual não lhe interessava.Teve uma paixão proibida com o médico,que queria dizer a seu pai a paixão de ambos e a pedir em casamento,caso contrário,fugirem,mas a menina inocente não queria pois teria de ficar longe de seu pai,sem contar que ela ainda era menor de idade e de nada podia escolher,a não ser se casar com o noivo escolhido e ser dona de casa.Aí segue um trecho retirado do livro,onde o Médico chamado Cirino,e a menina Inocência conversam sobre o amor.
Livro Inocência
Visconde de Taunay
'' - Inocência,implorou o moço,olhe... abra e tenha pena de mim... Eu morro por sua causa...
Depois de breve tempo,que para Cirino pareceu um século,descerrou-se a medo a janela,e apareceu a moça toda assustada,sem saber por que razão ali estava nem explicar tudo aquilo.
Parecia-lhe um sonho.
Quis,entretanto,dar qualquer desculpa a situação e ,fingindo-se admirada,perguntou muito baixinho a balbuciar:
- Que vem... mecê ... fazer aqui? ... Já estou boa.
Da parte de fora,agarrou-lhe Cirino as mãos.
- Oh ! disse ele com fogo,doente eu estou agora...Sou eu que vou morrer...porque você me enfeitiçou,e não acho remédio para o seu mal.
-Eu .. não,protestou Inocência.
- Sim ... você que é uma mulher como nunca vi ... Seus olhos me queimaram... Sinto fogo dentro de mim ... Já não vivo ...o que só quero é vê-la ... e amá-la,não conheço mais o que seja sono e,nesta semana,fiquei mais velho do que em muitos anos havia de ficar ... E tudo,por quê, Inocência ?
-Eu não sei,não,respondeu a pobrezinha com ingenuidade.
- Porque eu a amo ... amo-a,e sofro como um louco... como um perdido.
-Ué,exclamou ela,pois amor é sofrimento?
-Amor é sofrimento,quando a gente não sabe se a paixão é aceita,quando se não vê quem se adora;amor é céu,quando se está como eu agora estou.
- E quando a gente está longe,perguntou ela,o que se sente? ...
-Sente-se uma dor,cá dentro,que parece que se vai morrer... Tudo causa desgosto: só se pensa na pessoa a quem se quer,a todas as horas do dia e da noite,no sono,na reza,quando se pede a Nossa Senhora,sempre ela,ela,ela! ... o bem amado e...
-Oh! interrompeu a sertaneja com singeleza,então eu o amo...
- Você? Indagou Cirino sofregamente.
-Se é como ... mecê...diz...
-É ...é ..eu lhe juro! ...
-Então ... eu amo,confirmou Inocência.
-E a quem? ...Diga: a quem? Houve uma pausa,e a custo retrucou ela ladeando a questão.
-A quem me ama.
-Ah! exclamou o jovem,então é a mim...é a mim,com certeza,porque ninguém neste mundo,ninguém, ouviu?
é capaz de amá-la como eu... Nem seu pai ...nem sua mãe,se viva fosse. Deixe falar seu coração ...Se quer ver-me fora deste mundo... diga que não sou eu,diga !...
-Não falta pau para me enforcar,nem água para me afogar.
-Deus nos livre! Não fale nisso... Mas,por que é que mecê gosta tanto de mim? Mecê não é meu parente,nem primo,longe que seja,nem conhecido sequer. Eu lhe vi apenas pouco tempo... e tanto se agradou de mim?
-E com você ... não sucede o mesmo? Perguntou Cirino.
- Comigo?
-Sim,com você...Por que é que está acordada a estas horas? Por que é que não pode dormir? ... Que a cama lhe parece um braseiro,como a mim também parece? ... Por que pensa em alguém a todo o instante ? Entretanto,esse alguém não é primo seu,longe que seja,nem conhecido sequer? ...
-É verdade,confessou Inocência com doce candura.
Depois quis emendar mão:
-Mas,quem lhe disse que vivo pensando em mecê?
-Inocência,implorou o moço,não queira negar,vejo que sou amado...''
(...)
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