DINKS

O dia em que decidi não ter filhos.
Desde adolescente me vi em uma encruzilhada, onde na escola falávamos sobre gravidez na adolescência, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis...
Comecei a minha vida sexual cedo, assim como muitas colegas da escola. A diferença é que sempre me preveni, por medo, e por claramente pensar na possibilidade de nunca ter filhos. Isso mesmo, (nunca). Desde a infância não gostava muito de bonecas, casinhas, gostava de jogar bola e andar de skate. Estranho, não? Até chegaram a desconfiar de minha sexualidade...
Sendo que a tempos tenho minha sexualidade esclarecida, heterossexual.
Enquanto na escola primária as meninas brincavam de bonecas, faziam planos de casar e ter filhos, eu brincava de bola.
Conforme o tempo foi passando, me peguei na adolescência, como dito anteriormente. Ficantes, beijos, festas, aventuras. Mas nunca a dúvida, e sim a certeza. Não querer ter filhos. Olhando para os lados vendo as amigas da mesma faixa etária evolvendo-se em gravidez precoce, mães solteiras. Esse medo nunca bateu na minha porta. Antes que perguntem-me, não sou a favor do aborto. Apenas em casos especiais ( estupro, doenças graves como por exemplo acefalia). É uma pena que esse tema ainda seja um tabu em nosso país, mas não gera meu espanto, afinal, eu vivo em um país de terceiro mundo, que se diz em desenvolvimento. Mas enfim, ao foco do assunto, conforme o tempo foi passando a certeza foi se fixando em minha cabeça. Com o tempo tive o primeiro namorado sério, aos 16 anos. Sim realmente cedo. E ele sabia, desde aquela época, que eu não gostaria de ter filhos. Planejávamos noivar, não deu certo, por decorrência de outros fatores. Em um curto período de tempo, conheci uma pessoa especial, parecia-me ser o amor da minha vida. Bem diferente de tudo aquilo que eu havia sonhado para a minha vida, realmente. Mas me conquistou por seu jeito cativante. Me tratara como nunca antes alguém havia tratado. Logo no começo em uma conversa na internet, o deixei claro sob tal opinião que mantinha. Aquilo ainda foi o motivo de piada, e encarado de maneira irrelevante. Mas pois bem, o que eu poderia fazer naquele momento? Fui sincera, mas não fui levada a sério. Isso foge de minha alçada. Conforme o tempo foi passando, nos unimos cada vez mais, dificuldades, desencontros, mas nada era tido como motivo para uma aparente separação. Por circunstâncias cruciais, viemos a residir juntos com apenas seis meses de relacionamento, e o por que, não vem ao caso. O tempo passa tão frenético quanto o milho estourando para se tornar pipoca. As coisas foram ficando mais sérias, noivado se aproximando, nossa própria casa, não mais seria necessário que ficássemos morando com os pais dele. O relacionamento evoluindo...
Ai é que veio à tona, o que seria o início de um grave e longo problema. Com tantas conquistas materiais, conquistas sentimentais no relacionamento, família... Vieram as cobranças. Tão forte quanto a correnteza de rios furiosos. Tão forte como as ondas do mar ressaqueadas. Que coisa, o vento já não soprava mais brandamente.
O rapaz logo procurou a levar a sério e entender o meu lado, apesar de não concordar com a maneira de eu me comportar perante aos outros a respeito disso. Não concordar com a minha forma dura, clara, breve e fria de informar aos outros sobre tal assunto. Procurou entender meus motivos e apoiá-los. O que me deixou realmente contente. Mas no fundo, ainda me restam dúvidas, sobre o que ele realmente pensa, e se no fundo, não sobre um pingo de esperança de que minha opinião se modele contrária a de hoje. Cobrança da mãe dele, da família dele. Ao ponto de que quase tornaram-se insuportáveis, levando nosso relacionamento praticamente as ruínas. Brigas, discussões... Sorte a nossa de nos conciliarmos e entendermos que o que mais vale é a nossa união.
Difícil de entender, eu ainda, 20 anos. Mas já em uma união estável de considerável duração, casa própria, carros próprios. Na metade da vida universitária. Ele, formado, pós-graduado, concursado, 32 anos. E ninguém entende a diferença. Se eu quisesse ter filhos, eu já teria dito, que gostaria de terminar em breve meus estudos e assim que isso fosse possível, juntamente com um emprego que me permitisse a sobrevivência sem dificuldades financeiras, eu pensaria na questão. Eu mesma diria, que conforme o tempo passasse e eu me estabilizasse, tornaria-me mãe. Mas se não digo isso, é porque realmente não quero. Se temos bens materiais, uma boa união estável rumo a casamento, estamos juntos porque nos amamos, por qual motivo eu mesma não falaria, com todas essas coisas, que após a minha estabilização nós teríamos filhos?
Porque trata-se de algo claro e óbvio, mas dificilmente de ser absorvido. Porque decidi não ter filhos.
Mas então isso quer dizer que eu sou egoísta?
Então isso quer dizer que não deveria ter casado?
Quais são as enxurradas de críticas que eu terei de carregar comigo?
Estou privando alguém que eu amo do sonho de ser pai? Já que eu construí minha opinião sozinha?
Para a última eu tenho a resposta clara, não estou privando. Apesar de ter decidido sozinha, e firmemente, nunca omiti de ninguém o meu posicionamento, relacionou-se comigo já sabendo de minha postura. Se não acreditou, e achou que com o tempo mudaria, isso já não cabe a mim, pois avisei. Caso venha à tona fortemente esse desejo incontrolável de ser pai, digo sem problemas, é um decreto do fim de nossa união. Difícil de falar, parece meio frio. Minha vontade de não ter filhos é maior do que permanecer com o amor da minha vida neste caso? Sim!
Caso ele queira está livre para achar uma mulher que com isso o complete, e desejo o melhor possível. Apenas terá que deixar de lado todas as outras coisas boas que temos, para arriscar somente uma. E eu digo com perseverança, colocar um filho no mundo parece-me fácil, o difícil é educá-los, criá-los. Fazer filho todos fazem. Mas hoje não vivemos mais de amor e uma barraca. Mais do que amor e carinho, uma criança precisa de uma boa educação, saúde e estrutura. E o mundo está cada vez mais complicado, conforme o tempo passa, o mundo decai. Então caso isso viesse à tona, eu enfrentaria de tal maneira, a separação. Sentiria que fora injustiçada sim, por nunca ter omitido tal fato, mas a vida que anda, bola para frente.
Porém isso não vem ao caso, pois não aconteceu e presumo que existem chances de não acontecer.
A cobrança de minha família e meus pais?
Isso é outro capítulo dessa história, pois não sei se há. Devido a fatores passados independentes.

Thábata Piccolo

Curitiba, Verão 2016

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Abrir mi corazón...


Decido nuevamente abrir mi corazón
a la llegada del amor
despejando aquel dolor de lo pasado
y abrir mis ventanas
otra vez a la ilusión,
a la esperanza, a la pasión,
dejando aquel pasado en un costado...



Decido nuevamente abrir mi corazón
permitiéndome la llegada
de ese hermoso sentimiento,
que me completa, que es mi cimiento,
que me da vida, que es mi alimento...



Decido nuevamente abrir mi corazón
porque creo firmemente en el amor
sin importar las consecuencias
que ésto implique...
vacío, tristeza, soledad
o tantas ganas de llorar...
porque en el amor,
nos guste o no,
el dolor también existe...



Y no me importa, a pesar de ésto
te estoy abriendo de nuevo corazón,
ya pronto volverás a latir intensamente,
amando como ayer, profundamente
y serás nuevamente felíz,
tanto o más de lo que fuiste
al recuperar toda esa magia que perdiste...



Decido nuevamente abrirte, corazón,
mirando como siempre hacia adelante,
para darte como solo sabes darte,
intensa, sincera, dulcemente,
con amor, sin ningún temor
e inocencia al entregarte...


Laly Zayas